22 outubro 2007

Real Gabinete Português de Leitura


Passo a transcrever um pouco da história desta instituição e convido à sua leitura integral ao longo do seu site, vale a pena navegá-lo e apreciar a beleza deste edifício.

«Em 14 de Maio de 1837, um grupo de 43 emigrantes portugueses do Rio de Janeiro - e deve-se sublinhar que isto ocorre somente 15 anos depois da Independência do país (...) resolveu criar uma biblioteca para ampliar os conhecimentos de seus sócios e dar oportunidade aos portugueses residentes na então capital do Império de ilustrar o seu espírito. Entre esses homens, cuja maioria era composta de comerciantes da praça, estavam alguns que haviam sido perseguidos em Portugal pelo absolutismo e que tinham emigrado para o Brasil. (...)

É possível que ao se preocuparem com o nível de instrução de seus compatriotas e ao quererem incutir em muitos o gosto pela leitura, os fundadores do “Gabinete” tenham sido inspirados pelo exemplo vindo da França, onde, logo seguir à revolução de 1789, começaram a aparecer as chamadas “boutiques à lire”, que nada mais eram do que lojas onde se emprestavam livros, por prazo certo, mediante o pagamento de uma determinada quantia. Os “gabinetes de leitura” criados no Brasil pelos portugueses (...) diferenciam-se, entretanto, daqueles estabelecimentos franceses por uma característica: é que neles não se fazia qualquer pagamento pelo empréstimo do livro. O sócio, ou o leitor, consultava-o na biblioteca ou levava-o para casa, sem que isso implicasse, para ele, em qualquer encargo.

(Com o) crescimento do acervo bibliográfico basta mencionar que em 1872 a biblioteca já possuía 20.471 obras (ou 44.917 volumes) (...) os dirigentes começam a pensar em construir uma sede de maiores dimensões e condizente com a importância da instituição. (...) E as comemorações do tricentenário da morte de Camões (1880) vão ser o grande pretexto para motivar a “colônia” portuguesa e levar adiante o projeto. Portugal atravessava crises medonhas (e) portugueses do Rio de Janeiro, de sólida formação intelectual e de grande prestígio, como Eduardo Rodrigues Cardoso Lemos, José Vasco Ramalho Ortigão, Visconde de Morais e outros, resolve fazer da participação da “colônia” nas celebrações camonianas um contraponto às disputas e à mesquinhez de além-mar. (Enfim... a história é cíclica...!)

(...) em 10 de Junho de 1880, com a presença do imperador D. Pedro II, do ministro do Império Barão Homem de Mello e do Presidente da Câmara Municipal Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, é lançada a primeira pedra para a construção da nova sede do Gabinete Português de Leitura no terreno da rua da Lampadosa que tinha sido adquirido para esse fim.O projeto escolhido foi o do arquiteto português Rafael da Silva Castro, com seu traço neomanuelino a evocar a epopéia camoniana. O edifício, em pedra de lioz, com estátuas de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, do Infante D. Henrique e de Luís de Camões sobre as mísulas da fachada, foi inaugurado em 10 de Setembro de 1887, com a presença da Princesa Isabel e do Conde D’Eu. Os trabalhos de construção tinham sido dirigidos pelo arquiteto Frederico José Branco e as pinturas e decorações em relevo estiveram a cargo do artista Frederico Steckel.

(Actualmente) O Real Gabinete Português de Leitura possui a maior e a mais valiosa biblioteca de obras de autores portugueses fora de Portugal.O seu acervo, inteiramente informatizado, é da ordem de 350.000 volumes. A biblioteca recebe de Portugal, pelo estatuto do "depósito legal", um exemplar das obras publicadas no país. »

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