Trata-se de uma exposição de corpos plastinados que já percorreu grandes cidades como Nova Iorque, Washington, Amesterdão, S. Paulo, Londres, Miami, Seattle, Las Vegas e Durham. Esta exposição traz a Lisboa um conceito que tem suscitado muita discussão ao nível ético. No entanto, talvez pela atracção do bizarro, a exposição tem tido sucesso em todas as cidades por onde passa tendo sido já vista por mais de 3 milhões de visitantes.
Não contesto o potencial científico desta mostra e até a valência estética da apresentação dos corpos. Há de facto arte e técnica no que nos será apresentado. E, sem querer entrar em juízo de valores, apenas reflectir, constato que a nossa civilização ocidental está a afastar-se cada vez mais da Natureza. Querendo modificar e “sobreviver” à sua acção, recorre-se em vida ao silicone para corrigir/salientar determinadas características morfológicas e, agora, também na morte, os corpos são plastificados e convertem-se nas múmias do séc. XXI.
Há um grande investimento na manutenção do corpo físico. O corpo como artefacto da memória para os que ficaram, o corpo preservado que desafia a morte e sossega os que dela têm medo.
Este trabalho constitui também um grande empreendimento comercial para o patologista Dr. Gunther von Hagens e para Roy Glover, Presidente do Conselho Científico Internacional e Director de Projecto.